domingo, 19 de outubro de 2008

PIT STOP (Apenas uma reflexão pessoal e despretenciosa)

Às vezes, nos damos conta de que há coisas em nossa vida que precisam ser mudadas, desde posturas e visões mais amplas a simples cacoetes cotidianos. Essa necessidade se dá pelo mesmo motivo pelo qual sentimos falta de algo em nós. A ausência nos faz refletir, pensar e repensar. Dificilmente, alguém que está pleno e satisfeito consigo reflete sobre si mesmo; não há necessidade.Novas descobertas e experiências nos trazem plenitude enquanto as vivemos, mas elas, um dia, deixam de ser novas e nos atentamos ao fato de que aquela lacuna que havia em nós ainda está ali, intacta, latejando.
É aí que olhamos pra dentro!
O momento em que o homem filosofa mais é quando ele não está satisfeito com algo, seja consigo ou com o meio. Um dos traços que nos diferenciam dos seres irracionais é exatamente a capacidade de sonhar (digo sonhar e não fazer projeções como o pássaro que faz um ninho, a fim de se abrigar de predadores ou do clima severo), de vislumbrar um futuro no qual não teremos mais que filosofar, exatamente pelo fato de que não haverá mais ausência de algo, de modo que por mais imediatistas que possamos ser não há ninguém que consiga sê-lo sempre. Ou seja, entendo que a conclusão à qual chegamos hoje, fruto da reflexão, determinará se o futuro será mais um momento de algumas novas descobertas que irão se esvair ao deixarem de ser novas ou será o tempo em que a lacuna será preenchida e as reflexões filosóficas darão lugar à satisfação legítima de quem, um dia, no passado, a motivou.
Penso que, quando chegamos a entender isso, estamos dando um passo muito importante na vida.

Erivelton Sardinha

domingo, 13 de julho de 2008

JANELAS E CHUVAS

A reclusão que assalta o momento,
O fora que insiste em ser dentro,
O cinza que se esparrama e arrefece
A pele, o riso, o relento.

O chiado que cheira a terra,
A consternação que não espera
A gente se abrigar
Da luz que se encerra.

Os borbotões translúcidos:
Sou cada um deles.
Vejo-me em cada um deles,
No embaçar do cristal.

Rostos lúcidos
Em quatro paredes.
Dois verbetes,
Num instante matinal.

Silêncio!
A chuva as açoita.
Já elas tremem.

Intenso!
Nas gotas, a mulher afoita.
Já nelas, sêmen...

Já nelas,
Chuvas.
Erivelton Sardinha

sábado, 5 de julho de 2008

MIM

Não quero agrados, não quero elogios,
Dispenso os olhos e os cumprimentos.
Quero algo que não vem de fora,
Da gente que está lá do outro lado.
Preciso de tudo, menos de lá...
Quero Cá... Quero já!

Eu não luto contra mim
E não penso que sou individualista,
Penso que sou Indivíduo
Individual
Que traz pra si o que vem de ti,
Mas com jeito de Mim...

Uma troca, sim,
Que tem troco alto.

Você Me vê e repara
Minha cor, minha feição.
Invade-Me com as pupilas,
Menos minhas pupilas,
Logo elas...

...Elas não!
Erivelton Sardinha